“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hebreus 12.14-15)
Nas últimas semanas tenho gastado algum tempo em cuidar de uma área verde, com bastante gramado. Um fato que tem chamado a minha atenção nessa atividade é a imensa dificuldade de eliminar as ervas daninhas que invadem a grama.
O maior problema é que, em muitos casos, não é possível enxergar a erva daninha. Você olha e não vê, mas ela está lá. Alguns tipos crescem por baixo da grama. E mais, possuem raízes muito profundas, as quais só saem se cavarmos ao redor. São pragas sorrateiras, que minam as forças das plantas boas que queremos cultivar.
A Bíblia nos alerta, na carta aos Hebreus, a respeito de um tipo de raiz que pode brotar em nosso coração se não tomarmos o devido cuidado, a chamada raiz de amargura. Essa expressão não significa dizer que a amargura seja a raiz em si, mas faz referência aos frutos amargos que essa raiz pode produzir. A raiz é de amargura porque gera frutos amargos. O autor de Hebreus toma como referência o Antigo Testamento, em Deuteronômio 29.18. “Para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga.”
Nesse contexto de Deuteronômio, Deus alerta o seu povo sobre as consequências da idolatria e da apostasia, pois estas práticas geram raiz que produz erva venenosa e amarga.
A raiz de amargura é mais do que amargura, embora gere amargura. É uma raiz, fruto da idolatria e do distanciamento de Deus, que produz frutos amargos e venenosos, com potencial de perturbar o indivíduo e contaminar quem está ao seu redor. E, muitas vezes, não são percebidas, pois estão bem escondidas por debaixo da beleza aparente.
Alguns conselhos do texto de Hebreus para manter a nossa vida livre desse mal:
1° – “Segui a paz com todos”. Naquilo que depende de nós, devemos buscar a paz com as pessoas. (Rm 12.18). Desviar-se das contendas é um caminho de honra: “Honroso é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo insensato se mete em rixas.” (Pv 20.3). Também é essencial o exercício do perdão, para que possamos estar em paz uns com os outros e com Deus.
2° – Buscar a Santificação. Interessante que as raízes escondidas das ervas daninhas só aparecem quando limpamos o terreno. Precisamos retirar a sujeira, para que tenhamos clareza sobre as raízes amargas que precisam ser arrancadas. Sem santificação “ninguém verá o Senhor”.
3° – Estar atento para não ser achado faltoso. Atenção e diligência são atitudes necessárias para não deixar que as raízes amargas nos dominem. “Sede sóbrios e vigilantes” (1Pe 5.8). A idolatria e apostasia não tomam nosso coração de um dia para o outro, é um processo lento. Por isso, a atenção é importante. Nenhum de nós está imune aos perigos da apostasia. “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (1 Co 10.12)
Assim como um jardineiro se empenha para evitar que as ervas daninhas tomem conta do jardim, devemos evitar que as raízes de amargura tomem conta da nossa alma.
Presbítero Romulo Fulgoni