Tem um monte de coisa na vida que é obrigatória e eficaz. Sabe aquelas coisas que temos que fazer e que sabemos que vão funcionar? Por exemplo, desde os meus 17 anos, eu comecei a sentir dores nas costas. Desde então eu já fui em vários ortopedistas e a recomendação é sempre a mesma: “você tem que fazer exercício físico”. Eu até acreditei neles! Eu entendi que eu tenho que fazer exercícios de fortalecimento e que, se eu fizer, eu vou parar de sentir dores. Mas saber que algo é obrigatório e eficaz é o suficiente para nós? Claro que não! Nós só queremos saber daquilo que é confortável. Se ao menos ir para academia fosse confortável, eu iria sempre. 

Com a pregação da Palavra, somos mais ou menos assim também. Pregar é obrigatório. Pregar é eficaz. Mas pregar é desconfortável, então não pregamos. Entendemos nossa obrigação e cremos no poder da pregação, mas nos recusamos a pregar. Por quê? Simplesmente porque pregar é desconfortável. 

Pregar é desconfortável porque você não pode escolher para quem pregar.

Lembre-se um pouquinho da história de Jonas. O profeta que se recusou a profetizar. O pregador que se recusou a pregar. Ele sabia da sua obrigação, ele sabia do poder da Palavra, mas ele preferiu desobedecer. Jonas queria escolher para quem pregar e, definitivamente, não queria pregar para ninivitas. Mas, através de todo o livro, Deus ensinou para ele que não existe essa opção. Temos que pregar até para os nossos inimigos, como o Senhor fez quando pregou para nós. Deus não faz acepção de pessoas e você também não pode fazer.

Pregar é desconfortável porque você não pode escolher onde pregar.

O chamado para anunciar o evangelho é o chamado para se arriscar. É o chamado para ir onde você não quer ir. Pregar é se deslocar do seu conforto para ser recebido por gente maligna. Pregar exige aproximação e quem se aproxima se arrisca a ser humilhado. A pregação do evangelho pode tomar a forma de confrontação, aconselhamento ou consolo; mas até o consolo já é o suficiente para o irmão te devolver uma patada! Até um conselho já é o suficiente para o irmão responder te ridicularizando! Mas, mesmo assim, você tem que se aproximar. Você não pode escolher onde pregar.

Pregar é desconfortável porque você não pode escolher o que pregar.

Você já teve a experiência de ser machucado por um irmão e ter de passar um bom tempo juntando suas forças para confrontá-lo? Você prepara todo um discurso para isso e, finalmente, começa a executar o seu plano. Você o chama em particular e começa a pregar o que ensaiou; mas, quase de imediato, ele reconhece o erro e pede perdão. Que coisa difícil! Agora você não pode mais pregar condenação para ele. Agora você tem que mudar a pregação. Antes você se consolava na Justiça de Deus, agora vai ter que se satisfazer com a misericórdia de Deus. A última coisa que você quer dizer para ele é que Deus perdoa os pecados dele. Você pensa: “Primeiro ele precisa sofrer um pouco mais! Pelo menos pagar uma penitenciazinha!”. Mas o perdão nunca foi uma opção! É a pregação do Evangelho! Você não tem escolha!

Que coisa desconfortável é pregar! Você não pode escolher para quem, onde ou o que pregar.

Por fim, você pode estar se perguntando: “por que afinal eu deveria passar por todo esse desconforto?”. A resposta é muito simples: por causa de Cristo. Jesus passou por todo esse desconforto por você. Cristo não fez acepção de pessoas. Ele pregou para os seus inimigos. Você só crê nele porque, até para você, Jesus pregou. Cristo saiu de onde estava para falar a nós. Reis não saem dos seus palácios para ensinar sua sabedoria para mendigos. Mas o Rei Jesus não é como qualquer rei. Ele saiu do seu palácio, encarnou-se e humilhou-se para que nós ouvíssemos as suas palavras de vida eterna. Cristo pregou as palavras de seu Pai. Mesmo que fosse mais fácil falar palavras gentis para os fariseus, ele os chamou de hipócritas. Quando era mais fácil murmurar, ele ficou calado. Quando era mais fácil chamar legiões de anjos para destruir os infiéis que o crucificavam, ele os perdoou. Ele veio para fazer a vontade do Pai. Mesmo quando teve vontade de evitar o desconforto da cruz, ele seguiu em frente. Que nós sejamos como Cristo: servos de Deus que querem pregar a vontade de Deus, mesmo que seja desconfortável.

Sem. Danilo Morais Santos