Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor. (salmos 122:1)

A alegria de ir à casa do Senhor demonstra nitidamente que há prazer, gozo, bons sentimentos, boas experiências na casa do Senhor. Esse texto quer divulgar e motivar as pessoas a irem a esse lugar e também se sentirem atraídos de uma forma especial.

Mas, será que o texto consegue explicar o motivo desse prazer, dessa alegria, dessa paz de estar na casa do Senhor?

Em primeiro lugar é preciso dizer que o gozo e prazer da adoração a Deus é um acontecimento na alma daqueles que são filhos do Pai dos céus, daí essa dificuldade inicial para explicar esse sentimento para alguém que não compartilha dessa alegria e fé. A emoção do louvor sincero de um coração piedoso e o gozo da adoração com os irmãos ao Deus que tudo vê, que sonda os corações e restaura a alma é algo inigualável que encontra explicação no nosso espírito.

No final do versículo 4 há a indicação da finalidade de todos irem à casa do Senhor “… para darem graças ao nome do SENHOR.”. A glória de Deus é o motivo da adoração. O lugar ou local está em segundo plano. Assim, dar graças a Deus é a inspiração maior, é o sentido verdadeiro da adoração e maior tesouro e prazer. Agradar ao Senhor deve ser o alvo da nossa vida, afinal, Ele é Deus e nós somos pó.

Para além desse motivo central da adoração que é o próprio Deus, o versículo 2 ressalta que “Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém.”. Ninguém vai ao lugar de adoração para ficar do lado de fora, para não entrar ou ficar em posição apenas contemplativa. Se vamos, é para entrar, é para colocar os pés do lado de dentro dos portões.

Podemos pensar na nova Jerusalém como casa de adoração e ver que ficar do lado de fora, apenas apreciando sua majestade e imponência é motivo de sofrimento e não de prazer. Por isso, queremos entrar e permanecer do lado de dentro para usufruir integralmente de todos os seus benefícios. João Calvino, acerca desse versículo, chama atenção de que o povo de Deus deveria “… permanecer em pé com firmeza em Jerusalém, porque era a vontade de Deus ali estabelecer seu santuário”.

“Cidade construída em bases sólidas, edificada para unir todas as tribos do Eterno, …” Sl 122: 3 e 4 (Bíblia KJA) 

Cidade construída em bases sólidas, compacta, unida, dessa forma é descrita a cidade de Jerusalém. No comentário de João Calvino sobre esse versículo, ele diz: “… Assim, a concordância mútua que reina entre os cidadãos de uma cidade, e pela qual eles se unem, é comparada a edifícios, compactados por uma mão de obra hábil e elegante, de modo que não haja nada imperfeito, através de uma bela harmonia. Com isso, Davi nos ensina que a Igreja só pode permanecer em estado de segurança quando a unanimidade prevalece nela e quando, unida pela fé e pela caridade, ela cultiva uma santa unidade.”

O formato construtivo da cidade de Jerusalém é o mesmo formato da unidade do povo que se reúne para adorar, é compacta e unida. Vejam um pouco mais do comentário de João Calvino sobre este salmo: 

“somos ensinados a duplicar nossa alegria, quando Deus, por seu Espírito Santo, não apenas coloca cada um de nós na obediência de sua palavra, mas também produz o mesmo efeito sobre os outros, para que possamos estar juntos na mesma fé. Tão teimosa e rebelde é a natureza humana, que a grande maioria da humanidade invariavelmente murmura contra Deus sempre que ele fala. Não temos, portanto, pouca razão para nos regozijar quando todos se alinham harmoniosamente conosco ao lado de Deus. Como traduzir, com aqueles que me disseram, deduzem este significado: tenho prazer na companhia daqueles que me atraem ao serviço de Deus e ofereço para mim como companheiros, para que possamos ir juntos ao santuário.” (João Calvino)

Irmãos, este salmo possui vários outros aspectos da alegria de ir à casa do Senhor, mas achei essa tríade tão clara e saltando aos olhos que resolvi compartilhar com vocês: O prazer da adoração a Deus; se colocar do lado de dentro; e estarmos juntos em unidade.

Por vezes fico pensando na minha experiência pessoal com a igreja e percebo como foi e tem sido uma experiência de crescimento, foco e direção para a vida. Por isso, quando nos disserem vamos à casa do Senhor, que possamos dizer como o salmista Davi: ALEGREI-ME!

Pb. Misael Guerra