Jesus: A Âncora da Nossa Alma

[18] Para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; [19] a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu [20] onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

O autor aos hebreus fala de “lançar mão da esperança proposta”. Há uma expectativa pressuposta. Deus propõe uma esperança e espera que seus filhos lancem mão dela ou se apeguem a ela. Não é algo para ser olhado, mas, para se apropriar dela. É algo que mudará a vida de quem se apropriar dela. 

A imagem anterior era a de Abraão (Pai de um grande povo). Agora a imagem é de uma âncora. O cristianismo é sempre lembrado por várias imagens ou símbolos. Por exemplo: Tem o arco-íris, a aliança de sal e o peixe;

Agora tem Jesus como âncora, assim como uma âncora está invisível no fundo do mar segurando o barco. A âncora tem a finalidade de trazer segurança para um barco apesar do mesmo ser sacudido pelas ondas. Interessante notar que o símbolo de uma âncora, era frequentemente encontrado junto com um peixe, usado nas tumbas. Os portos eram pequenos, cabendo poucos barcos de cada vez e o mar Mediterrâneo era muito raso e arenoso, trazendo muita dificuldade (quando não, incapacidade) de firmar uma âncora para firmar o barco, protegendo-o em meio ou de uma tempestade. Nesse sentido, a âncora era levada por alguém sozinho em um bote (conhecido como: o precursor), em que o mesmo, sozinho, ia à frente, e, chegava seguro ao porto onde fixava a uma amarração segura. 

Jesus fez esse papel, já que ele é “o precursor”. Note que há uma imagem ligada a essa âncora que é “o véu”. Uma âncora ao véu?? Duas imagens bem estranhas já que a âncora deveria lembrar o mar. Jesus, como precursor, levou sozinho a âncora até além do véu, e agora segura os barcos diante das tempestades da vida. Em cada porto havia muitas pedras conhecidas em latim como anchoria ou em grego como agkura. Cada pedra estava segura e imóvel, fixa na orla da praia. Os barcos pequenos eram ancorados a elas, mas, havia também outro propósito. 

Naquele momento, ainda não havia sido inventado o leme ou timão. Em decorrência disso, muitas vezes, apenas com suas velas, um barco não conseguia entrar no porto, especialmente se o vento fosse o contrário. O “precursor” iria puxando vagarosamente o barco a que estava ligada a âncora, e o mesmo iria chegando com segurança no porto. O barco era puxado com esforço e paciência. Sem soltar a corda, chegavam sempre com segurança ao porto. O precursor chegou lá e está puxando, devagar e sempre.

É isso que Cristo fez levando a âncora além do véu. E de lá, protegendo os seus das tempestades que ocorrem durante a vida “[24] Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; [25] e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. [26] E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; [27] e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína” (Mt 7.24-27) e pelos ventos hostis “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” (Ef 4.14) que são as doutrinas várias e estranhas. É importante evitar esse envolvimento com esses ventos e doutrinas estranhas “Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam” (Hb 13.9). Só ligado a Jesus é que isso é possível. Aqueles que estão amarrados e ligados a essa âncora, passarão pelas tempestades sem naufragar na fé “mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé.” (1 Tm 1.19 [alguns naufragam na fé por razões várias]) e atracarão seguros no porto celestial. 

O objetivo é: ter forte alento, correr para o refúgio e abraçar essa esperança. Quanto conteúdo prático nesses objetivos que são lançados e propostos aos cristãos. O sofrimento jamais poderá tirar esses barcos do caminho a que estão destinados “[37] Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. [38] Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, [39] nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.37-39). Aos cristãos, Deus derrame do consolo, segurança e renove as esperanças. Corramos, é isso que está proposto e que ninguém perturbe o seu povo nessa corrida (Gl 5.7-12). Boa corrida a todos.

Pastor João Geraldo