Famílias Cristãs Num Cativeiro Cultural

Na escola bíblica dominical do dia 03/07/22, falamos sobre o dilema das famílias cristãs nesse cativeiro cultural em que nos encontramos. O teólogo Ivan Tadeu Panício Junior, em seu artigo “Desafios da Família na Pós Modernidade – Perspectivas e Possibilidades” levanta algumas diretivas dos perigos da pós-modernidade que contribuem ou criam armadilhas para o cativeiro cultural, dentre elas destacam-se:

a) Educação materializada – o sistema pós-moderno nos valoriza pelo que temos, não pelo que somos. O que possuímos revela quem são nossos “amigos”, lugares que frequentaremos, papeis que desempenharemos e nosso futuro. Muitos cristãos estão algemados por este sistema materialista. O dinheiro não é mau, os bens também não, mas o amor a eles é idolatria, e totalmente contrário aos mandamentos do Senhor.

b) Educação ateísta – com o enfoque materialista, consumista, influência, poder, fama e tantos outros recursos humanos, o homem declara que não precisa de Deus. Muitas vezes pensamos numa filosofia ateísta na qual se nega a existência de Deus, mas nem sempre é se apresenta desta maneira. Muitos não creem em Deus, pois seu deus é o trabalho, o dinheiro, o prazer, o sucesso, a fama, o poder, os vícios, ou mesmo sua filosofia de vida individual. 

c) Educação relativizada – alguns anos atrás as verdades eram absolutas. Valores morais e éticos eram observados e repassados de pai para filho. Mas hoje tudo mudou. Temos dificuldade com a verdade, com valores absolutos, com padrões morais e éticos. A sociedade tornou-se autônoma, independente, e “cada cabeça é uma sentença”. No mundo relativizado, cada qual interpreta a vida, as situações, os valores e até a bíblia com sua maneira de enxergar.  

d) Deseducação sexual – na antiguidade tínhamos o “tabu” de não falar em sexo na escola, ou mesmo em casa. Anos se passaram e alguns ícones começaram a puxar a fila na educação sexual, a fim de prevenir os males que hoje vemos. O problema é que o pêndulo da educação sexual passou do prumo e chegou à deseducação sexual, aderindo princípios de libertinagem, do sexo livre, da promiscuidade, malícia, fornicação e prostituição. Vivemos numa sociedade erotizada, sensual, pornográfica, dominada pelos instintos carnais.  

e) Formação espiritual de baixa qualidade – Muitos estão perdidos dentro da igreja. Falta-lhes o alimento sólido, o pão da Vida. Movidos por muitos eventos e movimentos, muitos estão morrendo de fome dentro da casa do Pão, da Igreja. Em muitos púlpitos se prega o pseudo-evangelho, intoxicando os ouvintes, minimizando-lhe a fé e matando-lhes espiritualmente. 

f) Sistema de informação corrompido – desviados na rede mundial de computadores. As estatísticas revelam que milhares de adolescentes, jovens e, até adultos, sofrem com os efeitos danosos da pornografia e imoralidade virtual. O apelo direto, a facilidade ao acesso e o suposto sigilo virtual, tem levado muitos ao óbito espiritual. A mídia trabalha com um forte apelo sensual, e pelo que vemos a tendência é de quem é sujo, sujar-se cada vez mais.

Diante dessas demandas, cabe-nos entender que tais realidades não devem nos amedrontar, mas estimularmos a levantar as mãos caídas, fortalecer os joelhos vacilantes e firmar nossos pés em caminhos retos (Hb 12.12,13), para vencermos as batalhas e mantermos nossas famílias. Como disse Neemias ao povo: “Lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (4.14).  Vejamos alguns comportamentos que podem fortalecer os laços familiares e, consequentemente, sobrevivermos ao cativeiro cultural: 

    a) Realizar o culto doméstico ou aproveitar os fatos ou fenômenos do dia a dia para conversar com seus filhos, com os membros da sua família. Fundamente sua família através da palavra e da oração, não só na igreja, mas em casa. As orientações, as conversas francas com os filhos e imposição de limites são fundamentais, mesmo que, aparentemente, eles não gostem.  

    b) Desenvolva atividades de lazer em família. Passeios, viagens, diversões e momentos de lazer fazem parte do cardápio apreciado pelas crianças e adultos. Não deixe que o trabalho e o stress lhe tirem este sabor em família.

    c) Envolva sua família em trabalhos voluntários e ministeriais. Quando envolvemos nossos familiares nas atividades ministeriais, evitamos o perigo deles pensarem que a obra de Deus é concorrente no tempo que dispensamos. Além de gerar neles a satisfação dos frutos, ensinamos a importância de trabalharem para o Senhor, sabendo que todo trabalho não é vão no Senhor. 

    d) Faça visitas regulares aos seus parentes e ensine aos filhos o valor parental. Isso gera proximidade e intimidade. Ainda que não tenham a comunhão desejada, podem exercitar o amor ao próximo e a tolerância. Esses valores serão replicados nas novas famílias.

    e) Comemore o aniversário de casamento em família, valorizado a aliança. Em tempo de desvalorização familiar, cada ano conquistado com casamentos sólidos é uma vitória e deve ser comemorado na presença de todos. Além de gerar alegria mútua, desenvolve a conscientização da importância da aliança conjugal e familiar.

    f) Mantenha a porta de sua casa aberta para o pastor e líderes da igreja.  No século do imediatismo, das múltiplas atividades, da agenda cheia e da extrema velocidade, achar tempo tem sido um dos maiores problemas. Mas ser igreja, requer viver como igreja. E toda ovelha precisa estar perto de seu pastor e ou de seus líderes espirituais. As brasas unidas, se mantém aquecidas e duram por mais tempo. 

    g) Estimule a leitura de literaturas cristã. Invista em literaturas diversas, mas principalmente nas obras selecionadas e cristãs. Boas literaturas poderão abrir-lhe o entendimento da palavra de Deus para toda sua família, edificando-a e preparando-a para os dias maus.

    h) Crie o habito de ser fiel a Deus e generoso com a igreja. Ninguém ganha de Deus no dar. E tudo que semeamos, colhemos, quanto mais, em sua obra. Precisamos criar o hábito de sermos fieis nos dízimos, ofertas alçadas e ofertas especiais, disponibilizando a Deus nossas primícias. Deus não precisa de nada que temos, mas nós precisamos de tudo que Deus tem. E o ato de dar, é o maior exercício contra nossa avareza, materialismo e apego desordenado.

Finalmente, lembre-se sempre: “O que você faz fala tão alto que ninguém consegue ouvir o que você diz”.

Pb. Sebastião Faustino de Paula