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Está Pago

Você recebe um convite para jantar na casa de um amigo (a). Boa conversa e comida maravilhosa. É a primeira vez que isso ocorre e, claro, você deseja ser educado e demonstrar gratidão. É chegada a hora de ir embora e, então você diz:

“Foi ótimo! Obrigado (a)! Vamos marcar uma próxima, mas dessa vez lá em casa.”

Não há problema algum em demonstrar gratidão. Todavia, não raras as vezes, distorcemos essa emoção que deveria surgir alegremente em reação a algo que foi recebido gratuitamente. Receio que a maioria de nós têm certa dificuldade em receber algo “grátis” sem que sejamos acometidos por um sentimento de dívida. Em suma, “porque você fez algo bom pra mim, sinto-me no dever de fazer algo pra você” ou “você me fez um convite, e agora eu lhe devo um”[1]
Esse querer retribuir é chamado pelo teólogo e pastor Jhon Piper de “Ética do Devedor”. Diz ele:

“Não está errado sentir gratidão quando alguém nos dá um presente. O problema começa com o impulso de que agora nós estamos devendo um presente. O que esse sentimento faz é transformar presente em moeda legítima. Sutilmente o presente já não é presente, mas uma transação comercial. E o que foi oferecido como graça gratuita é anulado pela gratidão distorcida”

Isso se torna um problema ainda maior quando tentamos retribuir a Deus.
A salvação é um presente de Deus: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus(Ef 2:8)
O Senhor tem feito maravilhas e milagres. Demonstrado bondade, justiça e amor. Conduzido seu povo rumo a Canaã celestial. Deus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef. 3.20). Tem preparado algo que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano (…) para aqueles que o amam” 1Co 2.9.
Quereríamos nós retribuir a Deus por tudo que Ele fez, faz e muito mais fará? Poderíamos nós recompensá-lo por tamanho favor com o qual nos agraciou? O pecado distorce até mesmo a tentativa de demonstrar algo bom, a gratidão. Segue, na realidade, a mesma lógica do exemplo inicial. Talvez digamos: “Deus fez tanto por mim; agora o que posso fazer por ele? Ou: “Ele lhe deu a própria vida; agora o quanto você vai dar a ele”. Nesse sentido, explica Piper:

“Na ética do devedor a vida cristã é retratada como o esforço de retribuir a dívida que temos com Deus (…) As boas obras e as ações religiosas são os pagamentos feitos em parcelas de uma dívida infinita que temos com Deus. Essa ética do devedor muitas vezes está – talvez até de forma involuntária – por trás das palavras: “Devemos obedecer a Cristo por gratidão”

Toda a nossa dívida foi cancelada, removida inteiramente e encravada na cruz. Na verdade, Deus não colocou a nossa dívida em nossa conta, mas na de Jesus, o seu Filho – “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós…” (2 Co 5.21a).
O apóstolo João registra a penúltima palavra de Jesus na cruz. Foi um brado de vitória e triunfo: “Está consumado!” (Jo 19.30). Essa expressão significa: está pago!
Senhor que posso dar pelos benefícios que me tens feito? Nada posso dar. Obrigado pela graça que me salvou e pela graça futura que está garantida. Ajuda-me a ser obediente. Ajuda-me a confiar!

Pb. Daniel Toledo

[1] Piper Jhon; Graça Futura; Shedd Publicações, 2009, p. 34