Há poucos dias terminei de ler Como sobreviver no ministério, de Leslie B. Flynn. O autor é um pastor batista que esteve à frente da mesma igreja por 40 anos. Um tópico que cativou minha atenção de forma especial é o que trata das tentações e os prejuízos que delas advém para os filhos de Deus.
No final de sua vida, Moisés, irado, feriu a rocha duas vezes e, por conta disso, não pôde entrar em Canaã. Davi, dando asas ao seu desejo, deitou-se com Bate-Seba e trouxe desgraças ao lar dela e ao seu. Salomão, deixando-se seduzir pelas mulheres que tomou como esposas, ofereceu sacrifícios a divindades pagãs. Havendo-se tornado poderoso, Uzias se envaideceu e entrou no santuário para queimar incenso. Foi acometido de lepra e teve que viver isolado até o fim de seus dias. Quem também sucumbiu à tentação do orgulho foi Ezequias, razão pela qual todos os tesouros dos judeus foram levados para a Babilônia.
Esses e outros episódios foram registrados para nossa advertência. “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co 10:12). A lição é clara: os destroços de um navio devem nos servir de boias.
A tentação é uma realidade que todos enfrentam. Tiago nos diz que “cada um é tentado pela sua própria cobiça”. De fato, uns são indiferentes à comida, mas não ao jogo. Outros parecem ser imunes ao álcool, mas são bastante vulneráveis aos desejos sexuais. Existem aqueles que não resistem às compras, enquanto outros ficam atiçados ao verem alguém fumando. Em nossos dias, a exposição nas redes sociais tem sido o calcanhar de Aquiles de um número cada vez maior de pessoas. Tentações: elas sempre existirão e precisamos estar preparados para vencê-las.
Leslie Flynn nos recomenda resistir à tentação logo no início. “Nenhum crente cai de repente. A queda de um irmão pode surpreender uma congregação que não suspeita de nada, mas a indiscrição pública dele foi precedida por uma erosão interior. Atos nocivos começam como pensamentos desordenados. Um arrombador analisa um banco, delineia um plano e então faz o assalto. Todo sequestro foi apenas uma ideia um dia. Todo relacionamento extraconjugal foi primeiro uma fantasia. Acã confessou: Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma barra de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os (Js 7:21). Do terraço de seu palácio o rei Davi viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa… Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem (2 Sm 11:2 e 4). Já que a tentação começa na imaginação, esse é o lugar da vitória. Se uma pessoa estancar uma tentação em sua origem, não sucumbirá”.
Mas como podemos fazer isso? Pondo em prática o que Deus diz. “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4:9). Priorize sua vida devocional. Não enfrente o dia sem alimentar-se da palavra de Deus. Nossas ações diárias devem ser precedidas pela meditação. “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl 119:11). Após meditar, fale com o Senhor. Nossa oração deve ser o reflexo do que lemos na Escritura.
“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). Uma pessoa que não se alimenta é incapaz de realizar bem tarefas cotidianas. Um crente desnutrido é presa fácil para o inimigo das nossas almas, “mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is 40:31).
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Ef 6:10-11).
Pr. Marcone Bezerra
