Mt 6:22 “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”.

Como nós temos visto, ou melhor, como nós temos enxergado aquilo que sempre olhamos? A resposta parece óbvia, mas não é.  A maioria de nós enxerga nos outros aquilo que queremos ver ou aquilo que vemos em nós – e talvez não gostamos muito. Quando olhamos para algo ou para alguém, sem perceber, nossos olhos procuram algum defeito ou alguma coisa fora do lugar. Em regra, o que nos chama mais atenção não é o conjunto da obra, alguma beleza ou qualidade velada, mas aquele “algo” que está fora do lugar ou fora de ordem.

Nessa passagem, Jesus nos convida a refletir sobre a importância da perspectiva e da intenção do nosso olhar. Os “olhos bons” representam a capacidade de enxergar as coisas e, em especial, as pessoas de maneira positiva e construtiva – ou prospectiva. Quando cultivamos uma visão clara e cheia de esperança, isso não apenas ilumina nossa própria vida, mas também influencia as pessoas ao nosso redor. Às vezes, com um olhar (des)armamos nosso inimigo – e até nossos amigos. Existem olhares que falam mais alto do que palavras.

A forma como olhamos – e vemos – pode influenciar e mudar aparentes realidades, às vezes, distorcidas pelo nosso primeiro olhar. Se escolhemos ver o bem, mesmo nas adversidades, nossa vida se torna mais rica e significativa. Além disso, essa perspectiva impacta nossas ações, levando-nos a agir com compaixão e generosidade. Quando nossos olhos, também convertidos, são “bons”, passamos a ter uma visão mais leve e mais saudável; isso reflete em uma atitude de gratidão e esperança, podendo nos influenciar de forma a nos levar a ter esperança quando aparentemente olhamos para o caos.  Quando nossos olhos são “maus”, sempre temos uma visão pessimista que dificulta e obscurece nossa jornada, trazendo desânimo e negatividade.

O chamado de Cristo é para que busquemos não apenas ver, mas enxergar com profundidade e compaixão aquilo que olhamos. Que possamos permitir que a luz dos nossos olhos reflita a bondade e a esperança de Deus que há em nós, de modo a iluminar, além do nosso corpo, nosso caminho e aqueles que nos cercam.

Presb. Sebastião Faustino