O termo que parece traduzido como “Autor” significa “Pioneiro”. É daí que vem termos como líder, soberano, príncipe. Lucas diz que mataram o Autor da vida (At 3.15) ou o príncipe da vida ou o pioneiro da vida. Aqui em Hebreus Jesus Cristo é descrito como o príncipe, o líder, o que começa algo, o governador, O Pioneiro da salvação. O Pioneiro da salvação se identifica com seu povo ou com a descendência de Abraão. Como pioneiro, veio preparar esse lugar de descanso e apontar para seu povo como entrar nele. Para isso é preciso atentar para alguns detalhes realçados pelo texto em tela:
Com Temor (Hb 4.1) [temer sempre]
[1] Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar o descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado.
O autor já introduziu, anteriormente, o assunto do descanso (Hb 3.11, 18). E conclui agora no início do capítulo seguinte quando diz: “Temamos, portanto…” (Hb 4.1).
O temor é o início da sabedoria (Pv 1.7). E aqui o autor aos hebreus fala qual foi a razão que levou o povo no Antigo Testamento, durante 40 anos, endurecerem seus corações = falta de temor de Deus.
Note o que não foi fundamento para alguém afastar-se de Deus ou apostatar. A palavra “afastar” é de onde vem a palavra “apostasia”. Quem se “afasta” corre o risco da “apostasia”. O que não foi motivo para afastamento do povo de seu Deus:
– circunstâncias difíceis do deserto – óbvio que as circunstâncias difíceis no deserto não foram suficientes para afastar o povo de Deus já que o próprio Deus diz que no final ele usou essas mesmas circunstâncias para humilhar, provar, mas, afinal fazer o bem “que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheciam; para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem” (Dt 8.16).
– falta de comunhão com os irmãos – também não é motivo para nos afastarmos tendo em vista justamente que a orientação é para não nos afastarmos dos nossos irmãos “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25) mesmo levando em consideração que tudo o que Deus fez na vida de todos os seus filhos ainda está incompleto e permanecerá assim até o seu retorno (Fp 1.6).
– sonhos não realizados – também não é motivo suficiente quando levamos em consideração que Daniel, por exemplo, orou por décadas até obter a promessa que estava registrada em Jeremias 25. Só que quando a promessa de ir para a terra prometida por Deus finalmente se cumpriria, Daniel tinha mais de 80 anos e portanto, não teve forças para se apropriar daquilo que tanto sonhou. Nem por isso, ele se afastou de Deus, pelo contrário, teve seus maiores desafios e de vida de fidelidade justamente na velhice.
– falta de dinheiro (embora alguns ganharam no deserto) ou de saúde – também não é suficiente para afastar alguém de Deus se levamos em consideração que Timóteo esteve doente e nem por isso afastou-se de Deus (1 Tm 5.23).
– perseguição dos inimigos – o próprio apóstolo Paulo tinha um espinho na carne, que pelo contexto, muito provavelmente era a perseguição (2 Co 12.7-10).
Nada disso. A razão porque não entraram no descanso de Deus é por falta de temor de Deus. Não temer a Deus é:
– não considerá-lo como Ele se apresenta;
– achar, em última instância, que as ameaças de Deus não se cumpriram ou não se cumprirão, mais ou menos como o ser humano é acostumado a fazer.
– que os termos dos acordos que Deus faz com o homem são tão volúveis quanto o próprio homem.
A posição do verbo na frase dá ênfase à mesma. A ideia é que é salutar considerar seriamente o fracasso dos israelitas, que incorreram no desagrado de Deus e, temer que uma calamidade semelhante se repita com o Israel espiritual.
Precisamos aprender a levar em consideração a real possibilidade de que histórias como essa registrada no AT se repitam conosco. E o antídoto para isso é o temor a Deus. Isso é o início de tudo. Faltou temor, faltou tudo. Bom temos a todos nós…
continua…
Pastor João Geraldo