A régua que Deus usa para nos medir

Irmãos, inicialmente preciso esclarecer que a expressão aqui utilizada de “régua” é apenas uma linguagem figurada incapaz de exprimir, mesmo que minimamente, a realidade do Ser de Deus e de sua forma de agir em toda sua grandeza, sabedoria e graça, que são infindáveis e insondáveis para nós.

Dito isto, também é bem claro que o Deus revelado nas escrituras é relacional e a palavra de Deus mostra de gênesis a apocalipse um Deus sempre vindo ao encontro do homem apesar de toda sorte de mazelas, infidelidade, pecado, indiferença e maldade.

Porém, dentre estes homens, o Senhor Deus continua procurando seus adoradores. É o que diz o Evangelho de João 4:23 – “No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.”. Vejo a adoração a Deus como aquilo que poderíamos chamar de régua no sentido de distinguir os homens entre aqueles que foram despertados à adoração a Deus e aqueles que adoram outros deuses ou ídolos.

Deixemos de lado aqueles que não adoram ao Deus verdadeiro para nos determos a refletir acerca de nós, os quais assumem a condição de adoradores do Senhor Deus dos Exércitos. Será que há distinção entre nós quando nos referimos à adoração? Será que a qualidade da nossa adoração pode ser comparada? Será que Deus mede ou diferencia a adoração de cada um de nós? Será que há modos ou formas melhores ou piores de adorar a Deus? – São todas perguntas cujas respostas devem servir para a reflexão de cada um de nós independentemente do conteúdo desse singelo texto.

Podemos começar por essa passagem da Bíblia, conforme já mencionado de João 4:23, quando Jesus estabelece a supremacia da adoração de uma forma integral “em espírito e em verdade” em descrédito a uma forma de adoração ritualística, religiosa, presa a costumes e tradições. Jesus está dizendo acerca de uma adoração do íntimo do ser e das entranhas da nossa alma. O Senhor procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade.

Este contexto de uma adoração ritualística parece estar distante da nossa realidade, visto que se refere a períodos históricos tão distantes dos nossos dias, porém, infelizmente, os rituais nos perseguem e somos absorvidos pela rotina religiosa da prática de determinadas coisas que, mesmo dignas do povo de Deus, não possuem reflexo no nosso coração e tornam-se meros comportamentos automáticos que não revelam nosso espírito ou a verdade que há em nós.

O versículo dois do capítulo 29 de Salmos nos convida a “atribuir ao Senhor a glória que o seu nome merece…”. Esta é uma forma contemplativa de adorar a Deus. Na nossa consciência e na nossa razão tremer diante de Deus, visto que temos à frente e acima de nós a glória excelsa do Senhor Deus que é o único merecedor dessa glória, e não há outra criatura ou ser capaz de chegar nem perto de tamanha glória e poder.

O quanto temos contemplado a glória de Deus também pode ser uma régua da dimensão que cada um de nós atribui à adoração a Deus.

Ao lhe ser oferecido os reinos, suas riquezas, soberania e poder, Jesus respondeu a Satanás dizendo: “Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto”. Muitos crentes encontram-se fascinados pelas estruturas sociais, políticas, de riqueza e poder e não percebem que são ofertas de satanás para roubar nossa adoração a Deus. É certo que é necessário trabalhar, produzir, gerar riqueza nessa terra, sendo isto parte da missão atribuída aos homens (cultivar o jardim), porém nossa dedicação a esta missão deve ser controlada e sopesada com sabedoria para que estas coisas não tomem lugar de adoração. Todas as estruturas humanas são falidas e não merecem o lugar de adoração. Posso atribuir a esse comportamento mais uma régua para medir a dimensão da nossa vida na adoração a Deus.

Somente o reino de Deus é inabalável e somente a esse Deus podemos nos achegar com plena convicção de fé, sabendo que a adoração é um termômetro ou uma régua que aproxima nossa existência ao nosso Senhor.

“Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, …” Hebreus 12.28

Presbítero Misael Guerra