Em Hebreus 12:1, lemos: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta”. Haja vista que a caminhada cristã começa no dia da conversão e se estende até o último dia de vida, podemos afirmar que essa corrida não é uma prova de 100 metros rasos, mas uma maratona.

Ao ler o versículo de Hebreus 12:1, é quase impossível não lembrar das palavras de Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4.7). Essa é uma linda declaração de quem conseguiu terminar a maratona de forma correta: com a fé preservada.

Nos primeiros versículos de Hebreus 12 também estão presentes a ideia de combate (“livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve”), de corrida (“corramos com perseverança a corrida que nos é proposta”) e da necessidade de manter a fé (“tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” – Hb 12:2).

Os destinatários da carta eram judeus cristãos que sofriam investidas para que voltassem ao judaísmo, sua antiga religião. Por essa razão, há várias exortações pastorais e grande parte do conteúdo da carta atesta a superioridade da nova aliança em relação à antiga, apontando que Jesus é maior que os anjos e Moisés, que ele é o sumo sacerdote e o mediador de um novo pacto. A última seção demonstra como a obra de Jesus é aplicada à vida dos crentes (10.19 a 13.25). A epístola aos Hebreus é um bálsamo de encorajamento a todos que marcham rumo à cidade celestial (13:14).

Hebreus 12.1 começa com portanto e afirma que “estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas”. O autor está se referindo aos personagens listados no cap. 11. Seu propósito é encorajar os leitores a observar o exemplo dos irmãos em Cristo que, diferentemente deles, não chegaram a alcançar a realidade da nova aliança. Esses irmãos do passado, verdadeiros estrangeiros e peregrinos (11.13), cumpriram a maratona, alcançaram bom testemunho (11.2) e entraram na glória – eles formam a “grande nuvem de testemunhas”. Devemos seguir o exemplo deles e ser obedientes ao Senhor Jesus, o autor e consumador da nossa fé, mantendo os olhos nele ao longo do percurso. Esse é o preço do discipulado: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23).

Diz-nos o estudioso S. Kistemaker que “cada crente deve, assim, correr a corrida que Deus lhe destinou. E cada um tem seus próprios obstáculos, sua própria pista e suas próprias capacidades”. A caminhada cristã é individual e cada um deve descobrir a maneira pela qual Deus quer usá-lo no seu reino. Para cumprir a maratona que nos está proposta, é necessário despojar-nos do pecado e dependermos de Jesus, para não desfalecermos durante a jornada (Hb 12.3). Em resumo: é preciso santificar-se.

Graças a Deus, ao longo do trajeto, contamos com Jesus, que prometeu estar conosco sempre (Mt 28.20) e uma família composta de muitos irmãos e irmãs. Apegue-se a Cristo e não deixe de agarrar na mão daqueles que correm ao seu lado pois, na maratona da fé, o importante não é chegar em primeiro lugar, mas cruzar a linha de chegada.

Rev. Marcone Bezerra Carvalho