“A disciplina e as palavras da repreensão dão sabedoria, mas o jovem abandonado à sua própria sorte envergonhará sua mãe.” Provérbios 29:15
Vendo relatos de professores sobre o (mau) comportamento de alguns alunos nos últimos tempos (como por exemplo, não querem se submeter a nenhuma regra; chegam e saem na hora que bem entendem; destratam e agridem professores e colegas; quando lhes chama a atenção, dão queixa por assédio; além de outros comportamentos que não convém nominar aqui), fiquei a pensar que tudo, ou quase tudo, gira em torno de limites – ou da falta deles.
Os limites são importantes para todos nós, crianças, jovens, adultos e idosos. Quase todos nós os aprendemos ainda quando criança e é nessa fase que devemos ensiná-los aos nossos filhos; assim diz Provérbios 22:6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele”.
Aristóteles dizia que “o limite fixa o término de uma coisa fora do qual não tem existência, mas é também começo de outra coisa diferente. O limite é, portanto, ponto de finitude e de partida”. É um marco, um parâmetro, um delimitador. O limite é uma espécie de contrarregra da liberdade. Enquanto esta permite que façamos tudo, comamos de tudo, falemos de tudo, andemos em todos os lugares; o limite nos norteia, nos freia. Ele nos indica onde ir, com quem ir, mas até onde ir; assim como nos orienta o que falar e quando falar.
Podemos concluir que limite tem a ver com disciplina. Traduzindo para o “mineirês”: “Não dá valor para a disciplina, observe um caminhão sem freio na descida”. Um péssimo exemplo temos em Davi. Um de seus filhos, Adonias, dentre outras estrepolias, tentou usurpar o trono do pai. Registra 1 Reis 1:6: “Seu pai, enquanto viveu, não o repreendeu, questionando: “Por que fazes isso?” Ele era também um homem extraordinário e belo, e havia nascido depois de Absalão.” Em contrapartida, lembrei-me de um amigo, que foi pastor da nossa igreja, contando que quando criança pegou escondido, na época, Cr$ 1,00 (um cruzeiro). Ganhou uma surra da mãe que lhe disse: “meu filho quem rouba um tostão, assalta um banco.” Na época ele achou aquilo uma tolice, só depois de adulto entendeu que a mãe estava coberta de razão.
Uma frase que ouvi anos atrás de um padre, que era o capelão na escola dos meus filhos, me ensinou o que não aprendi em nenhum livro. Ele disse: “Filhos criados sem disciplina são como um rio que não tem margem, vira pântano e nunca chega ao mar.” Depois percebi que ele parafraseava Provérbios 22:6, quando continuou dizendo: o que não pode ser feito (qualquer coisa errada, qualquer malfeito), precisa ser ensinado aos nossos filhos desde pequenos, por exemplo, a criança quando dá os primeiros passos sobe e pisa no sofá, todos batem palmas; quando ela cresce um pouco, ao pisar no sofá ganha uma bronca. Ela não vai entender por que ontem era aplaudida ao subir no sofá e agora ganhou uma palmada. Isso vale para quando a criança dá um tapa no rosto da mãe ou do pai; quando morde outra criança; quando faz birra por causa do que ganhou ou do que não ganhou; quando não tem hora para voltar para casa. Ou seja, os comportamentos que não queremos ver reproduzido em nossos filhos na fase adulta devem ser reprovados – e corrigidos – desde a primeira infância. O que não pode não pode. O que é errado é errado. Esses ensinamentos – esses limites – vão se modulando na proporção do crescimento dos nossos filhos. Mas é fundamental que os ensinemos. De fato, ninguém nasce sabendo. Que Deus nos dê sabedoria nessa jornada.
Presb Sebastião Faustino