Este mês completaremos 507 anos do momento em que Martinho Lutero afixava suas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, e com esse gesto estabelecia o marco do que viria a ser conhecido como a Reforma Protestante. Esse movimento, que questionava os desvios da igreja, demandando uma volta aos padrões bíblicos, todavia, já apresentava suas raízes séculos antes daquele nobre ato do monge alemão. João Wyclif, João Huss, Jerônimo Savonarola são exemplos de homens que ousaram questionar as inovações heréticas que estavam, cada vez mais, se avolumando.

 A Reforma não aconteceu toda de uma vez e, portanto, não parou em Lutero. Foram acontecendo progressivos avanços com o objetivo de levar a igreja de volta ao prescrito nas Escrituras Sagradas. Homens como João Calvino, Teodoro de Beza, João Knox e, posteriormente, os puritanos também trouxeram grande parcela de contribuição a este processo. Ao olharmos para trás, é reconfortante percebermos que o Senhor não abandona sua igreja e, em sua providência, a sustém durante os séculos.

Que tal aproveitarmos esta importante data para relembrarmos alguns dos pontos que foram centrais para os reformadores?

A justificação pela fé – Não há nada que o homem possa fazer para justificar-se diante de Deus. Ela ocorre mediante a fé em Cristo, por graça de Deus (Rm 1.17).

A difusão da Bíblia em idioma corrente – Progressivamente o povo passa a ter maior acesso às Escrituras, com a possibilidade de estudá-la (Mt 2.29).

A autoridade suprema das Escrituras – A autoridade das Escrituras depende somente de Deus e elas são o supremo juiz pelo qual as controvérsias religiosas devem ser resolvidas (Gl 1.8).

A suficiência das Escrituras – Tudo o que precisamos para sermos salvos e vivermos uma vida que glorifique a Deus nos foi revelado nas Escrituras e a ela nada será acrescentado (2Tm 3.16-17).

O sacerdócio universal dos santos – Não há castas de cristãos superiores, mas todos têm acesso a Deus pelos meios ordinários (1 Pe 2.9).

Toda a vida para a Glória de Deus – Cada um pode glorificar a Deus em sua vocação (1 Co 10.31).

A Centralidade da Pregação – A reforma devolveu a centralidade da pregação da Palavra de Deus, visto ser ela o meio pelo qual Deus nos fala (Rm 10.17).

O Princípio Regulador do culto – Deus deve ser adorado de acordo com o que Ele próprio prescreveu nas Escrituras (Dt 12.32).

Confessionalidade – Assim como os credos, as confissões de fé nos conferem um parâmetro de interpretação da Bíblia contribuindo para que não venhamos a cair nos mesmos erros do passado (1Tm 4.16).

O lema “ecclesia reformata, semper reformanda” (igreja reformada, sempre a ser reformada) nos lembra de que o movimento não findou. É imperioso continuarmos comparando a igreja atual com o padrão das Escrituras. (At 17.11)

Neste mundo caído, é inevitável surgirem modismos e inovações antibíblicos. Que Deus nos conceda a graça de, a exemplo dos reformadores, estarmos prontos para defendermos a fé que uma vez nos foi dada. Soli Deo Gloria!

Elielson Almeida